O que é Burnout e como enfrentá-lo no dia a dia
- Moa Minéro

- 18 de jul.
- 7 min de leitura
Atualizado: 5 de ago.

Entendendo o Burnout e sua relevância atual
Você já se sentiu tão exausto pelo trabalho que parece que não tem mais energia para nada? Ou talvez tenha percebido uma crescente apatia em relação às suas tarefas diárias, acompanhada de uma sensação de vazio?
Se sim, você pode estar enfrentando o burnout, um fenômeno que tem ganhado destaque nos últimos anos, especialmente após a pandemia da COVID-19.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com sintomas relacionados a esse distúrbio emocional, que foi oficialmente reconhecido como uma “síndrome ocupacional” em 2022.
Este post vai explorar o que é o burnout, suas causas, sintomas, tratamentos e estratégias práticas para enfrentá-lo no dia a dia, além de trazer as atualizações mais recentes da Norma Regulamentadora nº 1 (NR1) e da Lei nº 14.831/24, que reforçam a importância da saúde mental no trabalho.
Definição do Burnout
O burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um estado de exaustão emocional, física e mental causado por estresse crônico no ambiente de trabalho.
De acordo com a OMS, ele é definido como um “fenômeno ocupacional” resultante de estresse mal gerenciado, caracterizado por três dimensões principais: exaustão emocional, distanciamento ou cinismo em relação ao trabalho e baixa realização profissional.
Diferentemente do estresse comum, que pode ser temporário e superado com descanso, o burnout é um estado mais profundo, onde a pessoa sente que perdeu a motivação e a capacidade de lidar com as demandas do trabalho.
O termo burnout foi usado pela primeira vez em 1961, pelo escritor Graham Greene, em seu romance A Burnt-Out Case, que descrevia um arquiteto desiludido com sua profissão. Anos depois, em 1974, o psicólogo americano Herbert Freudenberger formalizou o conceito em um artigo acadêmico, observando o esgotamento de profissionais em uma clínica para dependentes químicos. Desde então, o burnout tem sido estudado como um problema crescente, especialmente em profissões que exigem alta dedicação emocional, como médicos, professores e policiais.
Burnout x Estresse: Qual a Diferença?
Embora muitas vezes confundidos, burnout e estresse não são a mesma coisa. O estresse é uma resposta a pressões excessivas, mas quem está estressado ainda pode acreditar que, com organização ou descanso, conseguirá superar a situação.
Já o burnout é caracterizado por uma sensação de vazio, falta de motivação e desesperança. Como explica Melinda Smith, autora do Help Guide, “o estresse é sobre ter muito, enquanto o burnout é sobre não ter o suficiente”. Essa distinção é essencial para identificar o problema e buscar soluções adequadas.
Causas do Burnout: Por que Ele Acontece?
O burnout está diretamente ligado as condições de trabalho desgastantes. Entre as principais causas, destacam-se:
Sobrecarga de trabalho: Excesso de tarefas, prazos apertados e metas irrealistas.
Falta de autonomia: Pouco controle sobre as próprias responsabilidades ou decisões.
Desequilíbrio entre esforço e recompensa: Salários baixos, falta de reconhecimento ou promoções.
Ambiente hostil: Conflitos com colegas, assédio moral ou falta de suporte da liderança.
Desalinhamento de valores: Quando os valores pessoais do trabalhador não se alinham com os da empresa.
A pandemia da COVID-19 intensificou essas condições, especialmente para profissionais de saúde e trabalhadores remotos, que enfrentaram longas jornadas e maior pressão emocional.
Fatores Individuais
Além do ambiente de trabalho, características pessoais também influenciam. Pessoas com traços perfeccionistas, que assumem muitas responsabilidades ou que têm dificuldade em estabelecer limites, são mais propensas ao burnout.
Mulheres, por exemplo, relatam taxas mais altas (51% contra 36% dos homens, segundo um estudo de 2021), muitas vezes devido a discriminações no trabalho e à sobrecarga doméstica.
Impacto da Tecnologia
A era digital trouxe desafios adicionais. A constante conectividade, com e-mails e mensagens disponíveis 24/7, pode criar a sensação de que o trabalho nunca acaba. Isso, aliado à pressão por respostas imediatas, contribui para o esgotamento.
Como destaca uma neurocientista citada em reportagem pelo G1, “a tecnologia permite mais autonomia, mas também gera a sensação de que as pessoas devem estar sempre disponíveis”.
Sintomas do Burnout: Como Identificar?
Os Três Pilares
A OMS define o burnout com base em três dimensões principais, que se manifestam em sintomas específicos:
Exaustão emocional: Sensação de cansaço constante, mesmo após descanso. A pessoa sente que “não tem mais energia para dar”.
Despersonalização ou cinismo: Atitude negativa ou indiferente em relação ao trabalho, colegas ou clientes, muitas vezes acompanhada de irritabilidade.
Baixa realização profissional: Sentimento de ineficácia, como se o trabalho não tivesse valor ou impacto.
Outros Sinais Comuns
Além desses pilares, o burnout pode se manifestar em sintomas físicos e emocionais, como:
Fadiga extrema: Cansaço físico e mental que não melhora com sono.
Dificuldade de concentração: Problemas para focar em tarefas ou tomar decisões.
Alterações de humor: Irritabilidade, ansiedade ou tristeza frequente.
Problemas físicos: Dores de cabeça, problemas gastrointestinais ou insônia.
Isolamento social: Tendência a se afastar de colegas, amigos ou familiares.
Esses sintomas podem começar de forma leve e piorar com o tempo, o que torna essencial buscar ajuda profissional assim que forem percebidos.
Estágios do Burnout
Pesquisadores identificaram que o burnout pode progredir em etapas. Um modelo simplificado de cinco estágios inclui:
Fase de entusiasmo: Alta motivação inicial, com disposição para assumir responsabilidades.
Início do estresse: Negligência com autocuidado, como sono e alimentação.
Estresse crônico: Cansaço constante, irritabilidade e queda na produtividade.
Burnout propriamente dito: Sentimentos de desesperança e problemas físicos.
Burnout habitual: Estado crônico de exaustão, com risco de depressão.
Buscando Ajuda Profissional
O diagnóstico de burnout deve ser feito por um profissional de saúde, como um psicólogo ou psiquiatra, após uma avaliação clínica detalhada.
O tratamento geralmente combina:
Terapia cognitivo-comportamental (TCC): Ajuda a identificar padrões de pensamento negativos e desenvolver estratégias de enfrentamento.
Acompanhamento psiquiátrico: Em casos mais graves, medicamentos como antidepressivos podem ser prescritos.
Mudanças no ambiente de trabalho: Redução de carga horária, pausas regulares ou redefinição de metas.
Autocuidado: Práticas Integrativas e Terapias Naturais como automassagem, yoga, mindfullnes e técnicas da Medicina Tradicional Chinesa
Estratégias Individuais para Enfrentar o Burnout
Além do suporte profissional, algumas ações práticas podem ajudar a prevenir ou aliviar o burnout no dia a dia:
Estabeleça limites: Aprenda a dizer “não” a demandas excessivas e evite levar trabalho para casa.
Pratique o autocuidado: Reserve tempo para atividades que tragam prazer, como exercícios físicos, hobbies ou meditação.
Melhore a gestão do tempo: Priorize tarefas e use ferramentas como listas ou aplicativos de produtividade.
Busque apoio social: Converse com amigos, familiares ou colegas sobre suas dificuldades.
Cuide da saúde física: Alimentação equilibrada, sono de qualidade e exercícios regulares são fundamentais.
Especialistas em neurociência sugerem dicas práticas como: priorizar o sono, praticar mindfulness, manter uma rotina de exercícios e autocuidado, estabelecer pausas regulares e buscar hobbies fora do ambiente de trabalho.
Ações no Ambiente de Trabalho
As empresas têm um papel crucial na prevenção do burnout.
Algumas medidas eficazes incluem:
Gestão de carga de trabalho: Estabelecer metas realistas e evitar jornadas excessivas.
Cultura de reconhecimento: Valorizar as contribuições dos funcionários com feedback positivo.
Suporte psicológico: Oferecer programas de assistência, como sessões com psicólogos.
Treinamento de liderança: Capacitar gestores para identificar sinais de burnout e promover um ambiente saudável.
A Nova Legislação Brasileira: NR1 e Lei nº 14.831/24
A partir de maio de 2025, a Norma Regulamentadora nº 1 (NR1), atualizada em agosto de 2024 pelo Ministério do Trabalho e Emprego, torna obrigatória a identificação, avaliação e controle de “riscos psicossociais” no ambiente de trabalho. Esses riscos incluem estresse, assédio, sobrecarga mental e burnout.
A norma exige que as empresas implementem o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que detalha medidas para mitigar esses problemas. Isso significa que fatores como pressão excessiva ou ambiente hostil devem ser tratados com a mesma seriedade que riscos físicos, como acidentes com máquinas. O não cumprimento pode resultar em sanções trabalhistas.
Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental
A certificação é uma iniciativa que reconhece empresas com políticas efetivas de bem-estar psicossocial. O selo, válido por dois anos, é concedido por uma comissão federal a organizações que:
Implementam programas de promoção da saúde mental.
Combatem discriminação e assédio no ambiente de trabalho.
Promovem equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Essa lei reflete uma mudança cultural no Brasil, onde a saúde mental no trabalho é vista como um diferencial competitivo. Empresas certificadas podem usar o selo em sua comunicação institucional, atraindo talentos e fortalecendo sua imagem.
Impacto das Novas Regras
Essas atualizações reforçam que o burnout não é apenas um problema individual, mas uma questão organizacional.
Dados do Ministério da Previdência Social mostram que, em 2023, cerca de 27 trabalhadores por dia foram afastados por transtornos mentais relacionados ao trabalho, incluindo burnout.
A nova legislação incentiva empresas a adotarem práticas preventivas, reduzindo custos com afastamentos e aumentando a produtividade.
Burnout como Doença Ocupacional
Desde janeiro de 2022, o burnout é reconhecido pela OMS como uma “doença ocupacional” na Classificação Internacional de Doenças (CID-11, código QD85). No Brasil, isso significa que trabalhadores diagnosticados têm direitos trabalhistas, como:
Auxílio-doença acidentário (B91): Pago pelo INSS após afastamento superior a 15 dias.
Estabilidade de 12 meses: Após o retorno ao trabalho, o empregado não pode ser demitido sem justa causa.
Indenizações: Em casos de negligência do empregador, o trabalhador pode buscar reparação por danos morais ou materiais.
Para que o burnout seja considerado um acidente de trabalho, é necessário comprovar a relação com as condições laborais, como excesso de horas ou pressão abusiva, por meio de laudos médicos e evidências.
Como as Empresas Podem se Adaptar às Novas Exigências
O PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), exigido pela NR1, é uma ferramenta prática para identificar e mitigar riscos psicossociais.
As empresas devem:
Mapear riscos: Realizar diagnósticos organizacionais para identificar fatores como sobrecarga ou assédio.
Planejar ações: Implementar programas de suporte psicológico, treinamentos e políticas antiassédio.
Monitorar indicadores: Avaliar regularmente a saúde mental dos colaboradores por meio de pesquisas internas.
Envolver lideranças: Treinar gestores para reconhecer sinais de burnout e promover um ambiente acolhedor.
Buscando o Certificado de Saúde Mental
Para obter o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, as empresas precisam demonstrar compromisso com o bem-estar. Isso inclui oferecer canais de escuta, como ouvidorias, e promover campanhas de conscientização.
A certificação não só cumpre a lei, mas também fortalece a cultura organizacional, reduzindo litígios trabalhistas e atraindo talentos.
Resumo: O Caminho para Superar o Burnout
O burnout é um problema crescente, mas pode ser prevenido e tratado com ações individuais e organizacionais.
Identificar os sintomas precocemente, buscar ajuda profissional e adotar práticas de autocuidado são passos essenciais para o trabalhador.
Já as empresas, incentivadas pela NR1 e pela Lei nº 14.831/24, têm a responsabilidade de criar ambientes saudáveis, com metas realistas e suporte psicológico.
Ao investir na saúde mental, tanto indivíduos quanto organizações colhem benefícios como maior produtividade, bem-estar e retenção de talentos. Para mais informações, consulte o site da Organização Mundial da Saúde ou a página oficial do Ministério do Trabalho e Emprego.
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Com carinho,
Moa Minéro







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